Quem era os Fariseus?
História e Origem durante séculos
Em primeiro lugar vamos falar de um autor que suas obras destacam muito o modo de vida e crenças dos fariseus. Flávio Josefo foi um escritor e historiador judeu que viveu entre 37 e 103 d.c, seu pai era sacerdote, e sua mãe descendia da casa real hasmoneana. Portanto, Josefo era de sangue real. Ele foi muito bem instruído nas culturas judaica e grega. Falava perfeitamente o latim, o idioma do Império Romano e também o grego. Flávio Josefo. – Historias dos Hebreus, antiguidades judaicas, apresentação, CPAD, 2004. – The Pharisees The sociological background of their fatih volume I, 1938, The Jewish publication society of América, página 82.
O nome, “Fariseus”, pharisaios, proveniente de uma palavra aramaica peras, que significa “separar”, esse nome não tinha, originalmente, um sentido pejorativo; si significava apenas separação da impureza e da contaminação; devido a um diferente modo de vida em relação ao público geral. Outra explicação do nome original dos fariseus seria: “ Os sábios de Israel”, para indicar aqueles que eram sábios, ou seja, competentes para interpretar a Torá, em relação as suas visões sobre a interpretação da Torá.” – The Pharisees , R.Travers Herford,1924 páginas 32,33.
Os fariseus e os saduceus aparecem como partidos distintos na última metade do século II a.C., embora representassem tendências traçáveis muito mais antigas na história judaica, por volta do cativeiro na Babilônia (537 a.C.). – Dicionário VINE, CPAD, edição de 2002, página 643. Esta informação é confirmada na obra de R.Travers Herford, The Pharisees, página 18, que diz: “O ponto de partida de qualquer história do farisaísmo deve ser necessariamente a obra de Esdras”. (…) p.29, foi durante o reinado de João Hircano (135-105 a.C), que o nome Fariseu fez sua primeira aparição.
De acordo com o historiador, Flávio Josefo historiador do primeiro século, que nasceu em 37 d.c, segundo ele havia entre os judeus três seitas. A primeira dos fariseus; a segunda, a dos saduceus; a terceira, a dos essênios, no livro de Atos dos Apóstolos 23:8, os dois grupos é citados referente as suas crenças. – Historias dos Hebreus, Flávio Josefo, CPAD, 2004. Enquanto os saduceus provinham das camadas mais ricas de Jerusalém. Os fariseus eram da alta classe média. Ainda na época de Josefo, após os fariseus terem controlado plenamente a vida judaica por mais de um século, ainda era verdade que as famílias mais ricas aderiam ao seu ancestral saduceísmo. – The Pharisees The sociological background of their fatih volume I, 1938, The Jewish publication society of américa, página 80.
Os Fariseus origem e suas crenças
A compreensão da vida religiosa dos fariseus, envolve a Torah (Os cincos primeiros livros da bíblia), que significa, “direção”, “instrução”, “diretriz”. De “yarah” é derivado de torah, “yarah”, significa, “lançar”, “ensinar”, “atirar”, “apontar”. – Dicionário VINE, CPAD,2002, página 103. Portanto, a Torah, significa ensinar, instruir, composto dos cincos livros, contendo ensinamentos e instruções da lei com os seus 613 mandamentos para o povo judeu.
Os fariseus, tinham diversas crenças fundamentais que moldaram sua prática religiosa e se destacaram entre os grupos judeus da época, especialmente em contraste com os saduceus. Aqui estão algumas das principais crenças dos fariseus:
- Lei Oral: Acreditavam na importância não apenas da Torá escrita, mas também de uma tradição oral que interpretava e complementava a lei. essa lei oral era essencial para a aplicação prática das escrituras (Marcos 7:13; Atos 23:8).
- Vida Após a Morte: Os fariseus sustentavam a crença em uma vida após a morte, incluindo a ressurreição dos mortos e um juízo final, onde os justos seriam recompensados por suas ações (Atos 23:8).
- Existência de Seres Espirituais: Eles acreditavam na existência de anjos e demônios, o que indicava uma visão mais ampla do universo espiritual (Atos 23:8).
- Providência e Destino: Os fariseus tinham a crença na providência divina, sustentando que Deus tinha controle sobre os eventos da vida e que há um desígnio para cada indivíduo
- Pureza Cerimonial: A ênfase na pureza ritual e na observância das leis de limpeza cerimonial era significativa, com o objetivo de manter a santidade entre os fiéis.
Essas crenças, juntamente com a observância rigorosa da lei, colocavam os fariseus como um dos grupos mais influentes dentro do judaísmo do primeiro século, reverenciados pelo povo e descritos como ‘separados’ devido à sua dedicação à prática religiosa.
A Torah e a tradição
Todo conceito de religião e vida dos fariseus séculos atrás, estão fundamentados em princípios fundamentais, e a Torá e a Tradição. Segundo R.Travers Herford, “É claro que a torá existia muitos antes dos fariseus, que a torá era reconhecida como autoridade suprema tanto pelos saduceus quanto pelos fariseus, e que a tradição não começou com Esdras sofêrim. No entanto, para os fariseus,a torá e a tradição tinham um significado mais profundo do que para os saduceus. – The Pharisees R.Travers Herford, 1924, página 53.
A Torá escrita que foi entregue por Deus a Moisés (Deuteronômio 33:4; João 1:17); também havia a Torá Oral que é a explicação da Torah escrita, para os fariseus cumprir e viver os 613 mandamentos, era em primeiro lugar na vida deles a observância da lei e se preocupavam também com os serviços litúrgicos
no templo. – Os fariseus e sua contribuição teológica, Diácono Manoel F. de Miranda Neto. Os fariseus acreditavam que a Torá foi transmitida por Deus a Moisés, não explicitamente, mas implicitamente, e que todo o processo de interpretação consistia em tornar explicito o que até então implícito, extraindo algum significado ou lição desconhecido até então, mas que estava na Torá o tempo todo. A revelação divina nunca poderia ser esgotada e, portanto, toda nova interpretação, embora aparentemente fosse nova, era realmente antiga. – The Pharisees R.Travers Herford, 1924, página 82-87.
Os saduceus aceitavam a Lei escrita, mas não a oral, enquanto os fariseus aceitavam ambas. No entanto, deve-se observar que os saduceus também possuíam suas próprias tradições, como podemos ver em passagens como Mishná, Makot 1.6; mas essas eram gezerot (decretos) e não baseadas na Lei oral. – Josephus Jewish Antiquities, Book XVIII-XIX 1980, página 14.
Os Fariseus e a Sinagoga
A palavra “sinagoga” vem de uma palavra grega que significa “reunião”, “ajuntamento” ou “assembleia”. – Dicionário VINE, CPAD, ed. 2002 página 995.
Desde os tempos antigos os judeus tinham o costume de reunir-se para adorar a Deus. Nas sinagogas os judeus tinham o costume juntar para a leitura , ensino e instrução da Torá. A sua origem segundo os historiadores, por um tempo anterior ao aparecimento dos fariseus. O cativeiro babilônico e a destruição do templo, trouxe ao povo judeu ter um lugar para reunir-se para adorar a Deus, acreditam que foi neste tempo no cativeiro em babilônia que surgiram as sinagogas.
No entanto, do estudo da Sinagoga, como ela é vista pela primeira vez de forma clara no início da era comum, algo pode ser aprendido; não, de fato, sobre sua história, mas sobre seu propósito e caráter. No que diz respeito à sua história, tudo o que pode ser dito é que, no momento em questão, a Sinagoga já era reconhecida como antiga. “Pois Moisés, desde as gerações antigas, tem os que o pregam em cada cidade, sendo lido nas Sinagogas a cada sábado” (Atos 15:21). – The Pharisees R.Travers Herford, 1924, página 91-93.
Os Fariseus e os Saduceus
Assim como os fariseus aparecem na história de Israel a séculos, não podemos esquecer de um grupo religioso que a sua existência também aponta a séculos atrás, estamos falando dos saduceus, os oponentes dos fariseus em relação as suas crenças. Os fariseus e os saduceus aparecem como partidos distintos na última metade do século II a.C, embora representassem tendências traçáveis muito mais antigas na história judaica. – Dicionário VINE, CPAD, 2002, página 643. Os saduceus era uma seita do judaísmo, assim como os fariseus, suas crenças eram totalmente opostas e havia muitos conflitos, muitos deles foi relatado nos evangelhos e por Paulo em atos dos apóstolos, os saduceus não acreditavam na doutrina da ressurreição e nem anjos e nem espíritos (Marcos 12:18; Atos 23:8), opostos aos saduceus, os fariseus acreditavam. Os saduceus, que eram geralmente parte da aristocracia e do clero, controlavam a maioria dos lugares no Sinédrio, que era o supremo conselho religioso e judicial do povo judeu. Portanto, enquanto os saduceus eram vistos como a elite religiosa que detinha o poder no templo, os fariseus representavam a corrente popular que defendia uma abordagem mais rigorosa da Lei e das tradições judaicas.
Os conflitos entre os fariseus e os saduceus dizia a respeito à doutrina da ressurreição. The Pharisees the sociological background of their fatih volume I, 1938, The Jewish publication society of America, página 145.
A doutrina da ressurreição no livro do profeta Isaias estava bem explicita (Isaias 26:19). No livro de I Reis 17: 20-24, e a restauração individual á vida. Entre as seitas judaicas, os fariseus eram o maior grupo e exerciam a maior influência sobre o povo.
Jesus Cristo, os Fariseus e o Novo Testamento
O Novo Testamento revela pouco sobre as seitas dos Fariseus, o que foi revelado por Deus está registrado nos evangelhos e também no livro de Atos dos Apóstolos. O fato de não termos mais informações na bíblia sobre este grupo, não quer dizer, que os escritores cristãos do novo Testamento falharam em algum momento por não dar mais detalhes deste grupo religioso.
Em uma obra, The Pharisees in Judaism, diz:
“Além disso, muitos estudiosos do Novo Testamento acreditam que os registros do NT não podem ser considerados confiáveis para obter informações sobre os fariseus. O argumento é que os fariseus e a igreja cristã primitiva entraram em conflito, e, por isso, os escritores do NT, sendo cristãos, falharam em nos fornecer um retrato justo do que os fariseus eram realmente.” – The Pharisees in Judaism, Andrew University Seminary Studies, Summer 1991, Vol.29, p.129.
Sabemos que os Fariseus eram muito influentes entre o povo e com líderes políticos. De acordo com Josefo no livro “Guerra dos Judeus”, “Das duas primeiras escolas, saduceus e fariseus, os fariseus são considerados os interpretes mais precisos da lei, ocupam a posição de principal, ou mais antiga, seita e atribuem tudo ao destino de Deus.”
Sabemos que os Fariseus e os Saduceus, eram opositores em relação as suas crenças, com o passar dos séculos, estes grupos resistiram com as suas crenças passando de geração a geração. Ao nascer Jesus Cristo, como era a cidade de Jerusalém? Existiam grupos religiosos e políticos? O Império Romano dominava a região? A chegada do Messias em um ambiente totalmente religioso e conflitantes de seitas como os fariseus e saduceus.
Quando Jesus nasceu, o cenário de Jerusalém era complexo e multifacetado, marcado por tensões políticas, sociais e religiosas. A cidade era a capital da Judeia e tinha um papel central na vida religiosa do povo judeu, especialmente devido ao Templo, que era o centro do culto religioso.
Jerusalém estava sob domínio romano, o rei conhecido como Herodes, o Grande, governava a Judeia. Ele era uma figura controversa, responsável por grandes projetos de construção, incluindo a ampliação do Templo de Jerusalém, mas também por sua brutalidade e paranoia, que levaram a execuções de membros da própria família e a um governo opressivo.
A cidade tinha uma população diversificada, composta por judeus e gentios, e vivia um clima de expectativas messiânicas intensas, com muitos judeus aguardando a chegada de um libertador que os livraria da opressão romana. Esse contexto social e religioso gerava um ambiente de tensão, pois havia uma luta constante entre as conformidades da lei judaica e as imposições do domínio romano.
Além disso, a presença de grupos religiosos como os fariseus e saduceus, que detinham influência significativa na sociedade judaica, era notável. Enquanto os fariseus eram conhecidos por sua estrita observância da Torá e suas tradições, os saduceus eram associados ao templo e à elite sacerdotal. Essa divisão religiosa também contribuía para a dinâmica social e política da época, refletindo um povo que buscava identidade e liberdade dentro do quadro opressivo do império romano. Portanto, ao nascer em Belém e ser posteriormente levado a Jerusalém, Jesus entrou em um cenário de complexidade religiosa, política e social, cercado por expectativas messiânicas e tensões conflitantes.
Os Fariseus e a Tradição, A Hipocrisia dos Fariseus
Os Fariseus e a Tradição
Flávio Josefo e o Novo Testamento relatam que os fariseus transmitiam tradições orais e leis que não estavam na Bíblia Hebraica. A descrição de Josefo é particularmente reveladora:
“Os fariseus transmitiram ao povo muitas observâncias recebidas por sucessão de seus pais, que não estão escritas na Lei de Moisés; e por essa razão os saduceus as rejeitam, dizendo que devemos considerar obrigatórias apenas aquelas observâncias que estão na palavra escrita, e não observar o que é derivado da tradição de nossos antepassados. E é sobre essas coisas que grandes disputas e diferenças surgiram entre eles. Enquanto os saduceus conseguem persuadir apenas os ricos e não têm a obediência do povo, os fariseus têm a multidão a seu favor.” – Josephus Jewish Antiquities, Book XIII, capitulo 10,1980, página 14.
Os judeus estavam preocupados com algo tão insignificante quanto o homem curado carregar seu colchão no sábado, mas Jesus declara que o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Jesus esclarece que Deus deseja “misericórdia e não sacrifício”, indicando que a lei não deveria ser observada por si mesma, mas com um coração alinhado com Deus, sendo usada para o bem da humanidade. Jesus não aboliu a lei (Mateus 5:17), mas trouxe sua interpretação correta, que os fariseus haviam corrompido ou estavam espiritualmente cegos para compreender. Marcos 7:8 é ainda mais direto: “Vocês ignoram a lei de Deus e a substituem por sua própria tradição.”
A Hipocrisia dos fariseus
De acordo com o dicionário bíblico Wycliffe a palavra hipocrisia significa: “No contexto da dramaturgia grega, o termo hipócrita era aplicado a um ator no palco do teatro. Visto que um ator finge ser alguém que não ele mesmo, hypokrites era aplicado metaforicamente a uma pessoa que atua em um papel na vida real, fingindo ser melhor do que realmente é, alguém que simula a bondade. Na literatura gr. secular, portanto, hypokrites pode ser neutro ou indesejável, significando uma pessoa que coloca em pratica um engano através da piedade fingida.” – Dicionário bíblico Wycliffe, CPAD, 2° edição 2007, página 931.
Contudo, por um lado a oposição do cristianismo contra os ensinos dos fariseus é relatado nos evangelhos, com toda esta rivalidade, havia entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, que era fariseu, este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes. Se Deus não for com ele ( João 1:-3; 7:50).
Os relatos no Novo Testamento no primeiro século sobre os fariseus, são de conflitos constantes com o cristianismo, muitas vezes não praticavam a verdadeira justiça e compaixão que a lei exigia. Essa hipocrisia é destacada em vários textos, onde Jesus os acusa de serem apenas justos por fora, enquanto por dentro estavam cheios de maldade e hipocrisia ( Mateus 23:1-29). Além disso, a hipocrisia dos fariseus manifestava-se em sua abordagem escrupulosa sobre as tradições, Jesus os advertiu: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas ( Mateus 23:23). O orgulho e a avareza também eram característicos frequentemente associadas a eles, contribuindo para uma religião superficial e legalista. Assim, a hipocrisia dos fariseus não se limitava a transgressões individuais, mas se estendia à sua visão de que a salvação era algo adquirido por meio de obras externas. Essa crítica permanece relevante, sendo um reflexo de questões de autenticidade na prática religiosa que ainda ecoam nos dias de hoje, em muitas seitas que surgiram em nosso século, algumas adotaram em suas doutrinas, ensinamentos heréticos do primeiro século.